Fotografar é mais do que clicar. É estar ali, inteira, com olhos e coração atentos, ouvindo o que nem sempre é dito em palavras. É acolher a história de cada pessoa como quem abre a porta de casa: com respeito, cuidado e silêncio para escutar a alma.
Como dizia Clarice, fotografar é capturar o instante que escorre por entre os dedos do tempo. E como ensinava Cora, é transformar esse instante em pão guardado, em memória que alimenta. No meu estúdio, não registro apenas rostos. Registro presenças. Registro laços. Registro aquilo que o tempo não leva: o amor vivido, o pertencimento construído nos detalhes.
Aqui, cada pessoa é recebida com carinho e tempo. Antes da câmera, vem o café, a escuta, a troca de olhares que afasta o medo e aproxima o afeto. Não existem poses forçadas nem sorrisos fabricados. Existe o agora. O agora com sua beleza crua, com sua poesia simples, com sua verdade.
A fotografia, para mim, é uma ferramenta de construção de legado. Um retrato pode atravessar gerações. Pode contar sobre quem fomos e sobre o quanto fomos amados. É o abraço da avó eternizado, o olhar da mãe que fala sem som, a menina que se redescobre mulher. Tudo isso vive na imagem que criamos juntas.
Porque no fim das contas, o que entrego não é apenas uma foto bonita. É uma memória com alma. É uma imagem que acolhe. Que diz “eu estive aqui, fui amada, e fiz parte”.